Tem coisa mais chata que pipoca no cinema? Aquele cheiro de cozinha na sala? Pipoca é um bicho espaçoso, não bastava ser grão, tinha que se explodir, encher o saco, ser assunto na boca de todo mundo, teimar em ficar entre os dentes, provocar aquele pigarro na garganta pra que todos saibam que ela existe, persiste e incomoda. Não importa se é salgada, caramelizada ou meladamente vermelha. É pipoca. Pipoca no chão, na poltrona, passeando em sacos gigantes na fileira da frente, depois que o filme começou.
Confesso que ainda me assusto com o tamanho desproporcional desses kits. São quase do tamanho de algumas crianças. E por isso, duram. Duram o filme inteiro, mesmo passando de mão em mão, do seu vizinho do lado direito para o cunhado dele do seu lado esquerdo.
Mas o pior da pipoca e se ela acaba e o sujeito resolve completar o espaço com batatinha frita. A tal Chips, coadjuvante. Ela não perde em nada para a estrela e ainda vem com surround, e concorrência eu não suporto.
Outra coisa interessante é que não existe meia-pipoca, como a meia-entrada, e o sujeito gasta mais pra engolir do que pra sorrir. É, eu sei que nem tudo é comédia. Pipoca por exemplo é trágico.
por Shang